Segunda atividade transmitida ao vivo na Jornada contou com apresentação de estudos de três pesquisadoras.
A segunda atividade da IV Jornada de Integração do Ifes a ser transmitida ao vivo pelo YouTube nesta segunda-feira (30) foi o painel da área de Linguística, Letras e Artes, com o tema “Narrativas em plataformas de mídias sociais”. Três palestrantes estiveram reunidas e abordaram temas como história, informação e contrainformação, fofoca e mobilização dentro e fora das redes. A mediação foi da professora Raquelli Natale.
A jornalista e doutoranda Ana Paula Miranda Costa Bergami iniciou o painel com um estudo sobre midiativismo – em linhas gerais, o ativismo que se dá por meio das mídias – feito com base em publicações do grupo Mídia Ninja ES. A pesquisadora analisou publicações durante dois meses de 2016, quando estudantes secundaristas ocuparam escolas na Grande Vitória e a Secretaria de Estado da Educação (Sedu).
Ana Paula mapeou temas e termos utilizados nas postagens e nos comentários, identificando redes de apoio e de críticas ao movimento. Ela detalhou que a Mídia Ninja ES foi capaz de construir um discurso de resistência, dando voz ao movimento secundarista e se contrapondo à informação da mídia tradicional.
Em seguida, a professora e doutoranda Camilla Reisler Cavalcanti falou sobre como a vida cotidiana se reconfigura ao redor das novas tecnologias, pontuando o impacto das redes sociais na formação de grupos de afinidade e na busca pelo gerenciamento da reputação. Camilla enfatizou o papel social da fofoca, de gerenciar as relações sociais, e o reflexo, amplificado pelas redes sociais, de passar a informação pra frente.
A pesquisadora lembrou que a fofoca é feita de forma a representar quem a conta de forma positiva, sinalizando que a história é contada sempre pelo viés do vencedor. Entretanto, quanto mais se fala de si nas redes, mais se alimenta um sistema que transforma cada aspecto da vida das pessoas em dados. “Precisamos pensar a comunicação em rede, pensar a que estamos nos devotando”, convidou.
A mobilização em torno da hashtag #EleNao foi o alvo do estudo apresentado pela professora e doutoranda Marcela Tessarolo Bastos. Ela entrevistou participantes do grupo fechado Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, formado no Facebook nas eleições 2018.
Marcela destacou que a atuação política se dá cada vez mais no ambiente on-line, mas que é difícil manter a energia mobilizada para gerar efetivas políticas públicas. Segundo apurou em suas entrevistas, houve uma participação expressiva das mulheres em marchas na época da eleição e algumas chegaram a se reunir off-line. Por outro lado, a fundadora do grupo se candidatou a vereadora e não conseguiu vencer, mesmo com o tamanho (mais de três milhões de membros) e a notoriedade que o grupo adquiriu no País.