Objetivo do painel foi mostrar possibilidades que a tecnologia propõe à educação.
Discutir as oportunidades que a tecnologia possibilita para a educação foi o objetivo do painel das Ciência Sociais Aplicadas, com o tema “Experiências imersivas: tecnologias educacionais na era dos algoritmos”, realizado nesta sexta-feira (4). A proposta dos painelistas, mediados pelo professor Robson Malacarne, do Ifes – Campus Viana, foi apresentar experiências de diálogo entre a tecnologia e a educação, indo além do debate em torno da substituição do papel do professor.
A primeira apresentação foi da estudante de Agronomia, Stefany Sampaio. Ela é aluna do Campus Itapina e vem de uma família de produtores rurais. Stefany apresentou sua experiência enquanto estudante na utilização das tecnologias para compartilhar o conhecimento acadêmico entre os produtores e aprimorar o trabalho desenvolvido por eles, além de divulgar o trabalho no campo. Ela destaca que os estudantes devem aproveitar a oportunidade que a academia fornece para fazer a transferência de conhecimento. “Isso não se resume a apenas imprimir conhecimento e trazer novas tecnologias, mas dar voz a quem já trabalha no campo”, ressalta.
O jornalista do Ifes Leonardo Lopes, que é membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos e Pesquisas em Desconstrução, Economia Criativa e Sustentabilidade (Núcleo Poiein), falou das ações que o Ifes vem desenvolvendo em economia criativa utilizando as novas tecnologias. Essas ações têm como objetivo acolher iniciativas e coletivos para trabalhar a educomunicação, a comunicação comunitária e a produção audiovisual. “A nossa perspectiva, enquanto pessoas envolvidas com a educação, é do acolhimento como metodologia”, explica. “Trazer experiências, como a mencionada pela Stefany, dar voz a esses saberes e conhecimentos e fomentar o seu desenvolvimento, respeitando o que é desenvolvimento para essas comunidades”.
Encerrando o painel, foi a vez do professor Orlando Lopes, da Ufes. Para o docente, primeiro é preciso pensar na finalidade que a tecnologia tem para nós. “Ainda não está claro o impacto do que não é humano, como a inteligência artificial, no mundo humano”, questiona. Segundo ele, a educação envolve dois processos: ensinar e aprender. E aprender está relacionado à experimentação e imersão, que podem ser potencializadas pela tecnologia. “A educação clássica prepara as pessoas para um dia elas fazerem, mas vemos no Vale do Silício, vários fundadores de empresas inovadoras que não terminaram a faculdade e se lançaram à experimentação e à aplicação imediata do conhecimento”, exemplifica Orlando.
Para o professor, estamos em um momento de transição do modelo de desenvolvimento industrial para o pós-industrial, que traz uma perspectiva de valorização do conhecimento e necessidade de transferência dessas informações. “A capilaridade do Ifes responde a isso de uma tal maneira que nenhuma outra instituição é capaz de fazer no Espírito Santo. Por meio dos núcleos incubadores e projetos experimentais, está fazendo uma política de interesse histórico no estado, pois está eliminando algumas das diferenças fundamentais para o desenvolvimento, como o acesso ao conhecimento sistematizado”, destaca.
Orlando, que também é membro do Núcleo Poiein, falou um pouco sobre as atividades que o núcleo organiza para 2021, como um clube de leitura com o intuito de pensar a tecnologia a partir da literatura de ficção.