E nossos rostos?

Amanda Santos — Venda Nova do Imigrante — 2020

No presente ano foi notado um vasto número de denúncias, por parte de usuários das redes sociais em geral e influenciadores, voltadas aos algoritmos das plataformas digitais. Cada vez mais influenciadores não-brancos, vendo-se prejudicados em relação aos seus trabalhos, têm se manifestado em seus perfis a respeito das agressões simbólicas e tentativas de apagamento que vem sofrendo por parte de uma tecnologia que seleciona automaticamente o que deve ser compartilhado com o público ou não. Os algoritmos são idealizados por pessoas, e pessoas incorporam seus vieses ideológicos, políticos e sociais, de forma inconsciente neles – o que não significa dizer que não devemos ser críticos e vigilantes a respeito. Configurando-se como expressão de racismo, os algoritmos das redes sociais são, nos últimos tempos, a “modernização” da discriminação racial. Em um cenário capitalista e neoliberal, as consequências ultrapassam as questões de autoestima de pessoas negras, indígenas e não-brancas, ferindo, também, as oportunidades no mercado de trabalho – que cada vez é mais virtual, e responsável pela movimentação econômica do país. Partindo da revolta e necessidade de manifestar-se contra as microagressões virtuais, o videoarte E nossos rostos? é um manifesto-artístico-denúncia que busca por meio das inquietações expressar-se criticamente contra o algoritmo e demonstrar que, mesmo lutando contra o invisível, não nos calaremos diante dessa violência racial.

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