Aplicações da Inteligência Artificial na indústria e na saúde são tema de painel da área de Engenharia

Uma das pesquisas apresentadas trabalha em um modelo para diagnóstico precoce de Covid-19.

A utilização da inteligência artificial em áreas como a indústria e a medicina já são uma realidade. Desde um dispositivo que monitora atividades físicas e sistemas que aumentam a produtividade no ciclo de produção do aço, as possibilidades de aplicação são diversas. 

Essas possibilidades foram apresentadas nesta terça-feira (1º) no painel da área de Engenharias, dentro da programação da IV Jornada de Integração do Ifes. O painel contou com a participação do professor do Ifes, Daniel Cruz Cavalieri; e deYves Luduvico Coelho, estudante de doutorado da Ufes, com mediação do professor do Ifes, Douglas Ruy Soprani da Silveira Araujo. 

Daniel, que faz parte do Grupo de Aprendizado de Máquinas e Automação (Gama), do Campus Serra, compartilhou projetos desenvolvidos pelo grupo com aplicações de inteligência artificial no âmbito industrial. Entre eles, estão sistemas de predição para problemas de engenharia na fabricação de aço.

O professor ressaltou que a inteligência artificial é um campo de estudos multidisciplinar e estabelece, para as empresas, um novo padrão para a eficiência. Cabe às empresas buscar maneiras para incorporar a inteligência artificial nos negócios e, segundo Daniel, já é possível ver esse movimento, especialmente em startups. 

Yves é doutorando e suas pesquisas são na área de Engenharia Biomédica, atuando principalmente em Tecnologia Assistiva, Dispositivos Vestíveis e Inteligência Artificial. Entre os projetos desenvolvidos nessa área estão dispositivos para auxílio ao diagnóstico, predição de condição médica e monitoramento de pacientes. 

Ele explicou como os projetos são desenvolvidos de modelos de machine learning para reconhecimento de atividades humanas (como monitores de exercício físicos), rastreamento de frequência cardíaca e estimativa de pressão arterial, com a utilização de dispositivos vestíveis (como faixas ou pulseiras com sensores) integrados a smartphones.

Uma outra aplicação em desenvolvimento é um modelo baseado em deep learning para auxiliar o diagnóstico de pessoas assintomáticas com Covid-19. A partir de bases de dados públicas (como sensores ou câmeras), seria criado base de dados local para detecção precoce da Covid-19, por meio de sinais como frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura.

A aplicação da inteligência artificial na engenharia vai além da contribuição técnica, contribuindo também para o desenvolvimento científico. Na visão dos palestrantes, a inteligência artificial pode aproximar instituições de ensino e pesquisa de empresas para a aplicação prática de novas tecnologias, em especial na engenharia biomédica.

Confira todas as transmissões ao vivo salvas no canal da Jornada de Integração no YouTube.

Painelistas lançam olhar humano sobre Ciências Exatas e Inteligência Artificial

Professor Paulo Roberto Filgueiras

Primeiro painel desta terça-feira (1) destacou importância de a sociedade pensar nos desdobramentos do desenvolvimento tecnológico com empatia.

Quatro professores da área de Ciências Exatas debateram aspectos da Inteligência Artificial (IA) no primeiro painel temático desta terça-feira (1), dentro da programação da Jornada de Integração. A atividade foi transmitida ao vivo pelo canal da Jornada no YouTube e teve a mediação da professora Andromeda Goretti de Menezes Campos.

Participaram Fidelis Zanetti de Castro, doutor em Matemática Aplicada e professor do Campus Serra; Paulo Roberto Filgueiras, pós-doutor em Química e professor da Ufes; Jefferson Oliveira Andrade, mestre em Informática e Educação e professor do Campus Serra; e Felipe Leoncio Braga, doutor em Física e professor do Campus Cariacica.

No primeiro tópico de discussão, eles abordaram o papel que a IA vai desempenhar para a sociedade. Fidelis sinalizou que há a tendência de que sejam substituídas principalmente as tarefas que poderiam ser executadas manualmente. Ele disse que o ideal seria o desenvolvimento no sentido de as máquinas servirem de apoio às pessoas, e não como substitutas delas.

O professor Jefferson reforçou a necessidade de se pensar no impacto social que a IA pode ter no mundo, nas próximas décadas. “É uma ferramenta, pode ser usada para algo muito bom ou muito ruim”, apontou. Ele exemplificou que a automação e todos os modos de inteligência artificial fizeram triplicar a produtividade dos trabalhadores dos EUA nas quatro últimas décadas, entretanto, os salários da camada mais pobre tiveram pouco aumento, o que sinalizou uma concentração de riquezas.

“Acredito que a gente precisa de transformações sociais que acomodem a IA. Ela não vai sumir. O que nós vamos fazer então? A gente precisa pensar no aspecto técnico, mas a sociedade precisa pensar o que vai acontecer com ela daqui a 20 ou 30 anos, quando a IA tomar os postos de trabalho. Que modelo precisa ter para evitar que metade da população do mundo fique sem emprego?”, questionou.

Os impactos para o ensino também foram comentados pelos painelistas. O professor Paulo chamou atenção para o fato de que a aplicação da IA modifica inclusive os laboratórios de química, possibilitando que se tornem um pouco mais acessíveis no sentido do custo financeiro. “O ensino de química analítica acaba sendo muito tradicional porque instrumentalizar um laboratório de ensino é muito custoso. Isso está começando a mudar”, disse, explicando que o desenvolvimento das tecnologias possibilita mesmo combinação de equipamentos mais baratos com algum método inteligente.

Na visão do professor Felipe, hoje é possível usar as plataformas virtuais de aprendizado para engajar os estudantes, mas há um caminho ainda mais interessante se abrindo: a gamificação. “Esse vai ser o grande vetor para maximizar a aprendizagem dos estudantes. A disputa, o contato entre os alunos tentando aprender via uma plataforma que mescle os desempenho dos dois para alcançar um objetivo pode ser o próximo trunfo da IA para o ensino.”

Ao falarem sobre as políticas para educação, ciência e tecnologia, todos concordaram que o congelamento de investimentos é muito prejudicial. “Para desenvolver uma sociedade que seja menos injusta, a gente precisa gerar riqueza e mecanismos de compartilhamento dessa riqueza. Quando você congela a possibilidade de investir em educação, você congela um caminho para isso”, afirmou Fidelis. “Se o objetivo é desenvolver uma educação sólida e uma ciência de vanguarda, o caminho não é esse”, completou Paulo.

O professor Jefferson lembrou que uma economia centrada em exportação de matérias-primas e fontes primárias historicamente não é capaz de levar um país ao patamar de riqueza dos ditos países desenvolvidos. Para ele, esse tipo de política fomenta “a evolução cada vez mais voraz do subdesenvolvimento da nação brasileira”. 

A empatia e a emancipação foram bastante citados no encerramento do painel. A primeira, no sentido de se solidarizar com os outros para gerar uma mobilização na defesa de ideais; e a segunda, para ser capaz de pensar criticamente. “Somos manipulados pela inteligência artificial nas redes sociais, por exemplo. Cabe a nós, seres humanos, dar um basta. Dizer ‘não, eu não vou fomentar a manipulação, a ignorância'”, enfatizou Felipe.

Confira todas as transmissões ao vivo salvas no canal da Jornada de Integração no YouTube.

Jornada de Integração também é lugar da arte

Galeria virtual, painel de debate e roda de conversa sobre o tema estão na programação. Saiba mais.

A arte também faz parte da IV Jornada de Integração do Ifes. O evento tem espaços de debate sobre o tema e de contemplação da produção artística. A tecnologia e os acontecimentos da atualidade estão em foco nesses espaços, seja no modo de construir e disponibilizar as obras, seja na reflexão sobre os impactos do uso cotidiano das ferramentas digitais nas nossas vidas.

Acessando a Galeria Virtual de Arte, o internauta poderá apreciar 21 obras, produzidas por estudantes, docentes e técnicos administrativos de 13 diferentes unidades do Ifes. As produções tocam assuntos diversos – dos algoritmos das plataformas digitais às aldeias indígenas de Aracruz, passando por videogames e preservação ambiental – e têm formatos como pintura, desenho, fotografia, música, poesia, prosa e videoarte. Confira. (LINK)

No terceiro dia de Jornada (2 de dezembro), será realizado o painel dos Núcleos de Arte e Cultura do Ifes (NACs), com o tema “Arte e novas tecnologias”. O debate será mediado pela servidora Niciane Estevão Castro, da Secretaria de Cultura do Ifes, e contará com a participação de quatro convidados com grande experiência na área.

São eles: David Ruiz Torres, doutor em Artes, professor da Ufes e pesquisador das novas tecnologias digitais; Gabriel Menotti, professor assistente em curadoria e imagem em movimento na Queen’s University (Canadá), coordenador da rede de pesquisa e festival Besides the Screen; Mariana Emiliano Simões, doutora em Antropologia, professora de Teatro no IFNMG e diretora do grupo Tribo Corpo Raiz; e Maximiano Arruda, doutor em Artes e professor titular do Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto Federal do Ceará (IFCE). 

O painel será transmitido ao vivo, com acesso gratuito a todos os interessados, a partir das 13 horas.

Música e arte serão tema de um evento interno da Jornada de Integração, com uma roda de conversa que vai abordar trabalhos de Pesquisa, Ensino e Extensão nessa área. A conversa também está marcada para o dia 2 de dezembro.